Um consenso está se formando entre os principais pesquisadores e governos em todo o mundo, de que é improvável que o novo coronavírus seja eliminado, apesar dos dispendiosos bloqueios (lockdowns) que interromperam grande parte da economia global e estão destruindo empresas e empregos.

O que acontece quando os governos confundem os piores cenários com a realidade? Eles transformam uma crise de saúde em uma crise social e um tsunami econômico, com consequências mais graves do que o vírus poderia produzir em primeiro lugar.

Em 2003, o SARS desapareceu porque todos os infectados ficaram gravemente doentes e precisaram ser hospitalizados. Uma vez em quarentena, o vírus parou de se espalhar.

O novo coronavírus infecta algumas pessoas sem causar sintomas óbvios. Este grupo de portadores assintomáticos dificulta a contenção da transmissão, pois espalham o vírus sem serem detectados.

A China continua encontrando dezenas de casos assintomáticos do SARS-CoV-2 todos os dias.

"É muito provável que seja uma epidemia que coexista com os seres humanos por muito tempo, se torne sazonal e seja sustentada dentro dos corpos humanos", disse Jin Qi, diretor do Instituto de Biologia de Patógenos do principal instituto de pesquisa médica da China, a Academia Chinesa de Ciências Médicas.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, disse no mês passado que a Covid-19, a doença causada pelo vírus, pode se tornar uma doença sazonal. Ele citou como evidência os casos que estão surgindo em países do hemisfério sul com o inverno se aproximando.

Enfrentamento

Alguns especialistas em saúde pública estão defendendo que o vírus se espalhe de maneira controlada por populações mais jovens como a da Índia, enquanto países como a Suécia adotaram uma estratégia sem confinamento e sem fechamento de comércio. Bares, restaurantes, academias funcionam normalmente na Suécia.

Já a Nova Zelândia, optou por eliminar o vírus de seu território, impondo restrições draconianas e apostando em controles de fronteira para evitar a entrada de pessoas infectadas no país.

A vizinha Austrália seguiu uma abordagem diferente, adotando restrições de distanciamento social, mas mantendo sua economia aberta.

Ambas as estratégias parecem ter apresentado resultados semelhantes para a saúde. Novas infecções caíram acentuadamente – para apenas 2 por dia em média na Nova Zelândia e cerca de 10 por dia na Austrália. Mas os custos econômicos e sociais parecem ser significativamente maiores na Nova Zelândia.

A maioria dos governos, instituições e especialistas não sabe a melhor maneira de lidar com o coronavírus – é bastante óbvio neste momento.

Ditar a populações inteiras que não devem ir a lugar algum não é um plano; é falta de um. E toda vez que o confinamento é estendido por determinado prazo, é uma admissão que as autoridades ainda não tem um plano.

Pressionados pela imprensa, os "salvadores de vidas" apresentam soluções distópicas como o uso obrigatório de braceletes e autorizações de deslocamento (permission slips), acompanhados do discurso de abertura lenta, gradual e segura, lema dos anos de chumbo do Presidente Geisel.

O verdadeiro problema é que os governos politizaram uma crise de saúde e a transformaram em uma grave crise social e econômica.

* Com informações da Bloomberg, Wall Street Journal, RT

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