Nesta terça-feira (29), o rublo apreciou mais de 7% em relação ao dólar em Moscou, atingindo níveis próximos anteriores ao conflito Rússia-Ucrânia.
A moeda russa chegou a ser cotada em 83 rublos por dólar, antes da realização de lucros. Em 7 de março, o rublo foi negociado no recorde de baixa: 151 por dólar.

O banco central russo limitou o montante que os residentes podem retirar de contas bancárias em moeda estrangeira e proibiu os bancos de vender moedas de outros países aos clientes pelos próximos seis meses, enquanto as corretoras não podem vender títulos detidos por investidores estrangeiros.
Essas medidas tornaram mais difícil vender o rublo, limitando assim suas perdas.
As sanções ocidentais excluiram os exportadores de energia russos, dos quais a Europa é particularmente dependente, o que mantém dólares e euros fluindo para o país. A Rússia ordenou que esses exportadores vendessem 80% de suas receitas em moeda estrangeira e comprassem rublos, ajudando a apreciação da moeda.
O balanço do comércio exterior também favorece o rublo. Centenas de empresas estrangeiras anunciaram retirada da Rússia, sugerindo que as importações se contrairão. Ao mesmo tempo, o país continua a vender seu gás, petróleo e derivados. Os preços dos hidrocarbonetos estão aumentando a receita, mesmo com a produção russa sendo negociada com desconto. O desequilíbrio pode fortalecer o rublo no momento, embora não torne a economia da Rússia mais forte.
“Estamos olhando para um rublo russo que estará significativamente enfraquecido no longo prazo”, disse Jane Foley, chefe de estratégia de câmbio do Rabobank.
Atualização 29/03/2022
A Rússia ofereceu a opção de reembolso antecipado em rublos de uma linha de Eurobonds emitidos em dólares que atinge a maturidade em 4 de abril, ajudando os credores locais da emissão soberana a receber o pagamento.
Os Eurobonds serão recomprados por 100% de seu valor nominal, convertidos à cotação do rublo de 31 de março.
O título tem um período de carência de 30 dias e não tem provisão para pagamentos em moedas alternativas, destacou o JPMorgan.
Se não pagar aos investidores, seria a primeira vez que o país incumpriria o pagamento da dívida externa desde a Revolução Bolchevique, de 1917.
Apesar dos alertas das agências de rating desde a intervenção militar na Ucrânia, Moscou continua a responder às obrigações do serviço da dívida pública.
A Rússia tem uma dívida de 40 bilhões de dólares em obrigações denominadas em dólares e euros, metade das quais detidas por investidores estrangeiros.
A relação dívida pública / PIB da Rússia é de apenas 20% – a dívida pública bruta brasileira fechou 2021 em 80,3% do PIB.
Antes da pandemia, em 2019, o rublo e a bolsa de valores da Rússia obtiveram o melhor desempenho do mundo. O rublo valorizou 17% em relação ao dólar. O índice MSCI russo, que acompanha as 23 maiores empresas de capital aberto da Rússia, subiu 44% naquele ano. O índice RTS subiu 40%. No conjunto, as ações russas superaram a maioria das ações de mercados emergentes e acompanharam o S&P 500 (+37%).
Atualização 30/03/2022

Atualização 31/03/2022

Atualização 01/04/2022
O Banco da Rússia decidiu nesta sexta-feira (1º) permitir que residentes e estrangeiros (de países que não apoiam sanções) transfiram mensalmente para o exterior até US$ 10.000, ou equivalente em outra moeda.
Atualização 04/04/2022
Os Estados Unidos aumentaram suas compras de petróleo russo em 43% entre 19 e 25 de março, de acordo com dados da Administração de Informações sobre Energia (EIA). Apesar da proibição da Casa Branca de importações de energia da Rússia, os EUA continuam a comprar até 100.000 barris de petróleo russo por dia.
Atualização 08/04/2022
Dólar cai -5,5% frente ao rublo, para 71,6, na Bolsa de Moscou.

* Com informações do Wall Street Journal (WSJ)
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