Nascido na Itália, Alfredo Volpi (1896-1988) migrou ainda criança para São Paulo com sua família. De origem humilde, trabalhou no ramo da construção civil, especializando-se na pintura decorativa de paredes.
A produção inicial de Volpi é marcada pela prática autodidata que iniciou em 1911 e voltada para paisagens urbanas, rurais e do litoral paulista.
Sua primeira pintura de cavalete data de 1914, mas foi na década de 1930, quando começa a participar do Grupo Santa Helena, que desponta no cenário artístico paulistano, com pinturas de santos para reprodução em retrogravuras como forma de subsistência. Embora não o tivesse inicialmente como trabalho autoral, o tema das imagens religiosas acabou incorporado à sua produção artística, que se acentuou durante a década de 1940.
Seus quadros mais conhecidos, as “fachadas”, são desta época, quando passou a realizar retratos religiosos, representações de festejos populares e suas icônicas bandeirinhas, mastros e fachadas da arquitetura vernacular e colonial brasileira.
Na década de 1950, Volpi começou a sintetizar suas composições, tornando sua figuração cada vez mais geometrizada, marcada por uso excepcional da cor, uma pincelada sutil e a singular textura de sua têmpera, com padrões, formas e temas recorrentes que desenvolveu até o final de sua carreira.
Estima-se que sua produção englobe aproximadamente 3.500 obras.
Volpi nunca se filiou a escolas, apesar de ter tido influências do movimento concretista – sua trajetória, porém, era individual e chegava ao limiar da abstração.
As obras de Volpi se caracterizam pela mescla entre cultura popular e arte erudita, pela criação de um vocabulário formal geométrico, e pelas cores preparadas artesanalmente pelo artista – uma resistência à automatização e impessoalidade, ao mesmo tempo em que afirmava sua trajetória original e isolada.

"Essa é uma exposição que apresenta um trajeto diferente do normal sobre o Volpi, um nome fundamental para a arte moderna brasileira, e conhecido também fora dos circuitos de arte. É uma exposição que tenta mostrar uma trajetória do Volpi não só dedicada às bandeirinhas e fachadas", diz o Curador-Chefe do Masp, Tomás Toledo.
Toledo foi o responsável por reunir, ao longo de dois anos, as obras do artista que compõem a mostra. Há pinturas emprestadas dos acervos da Pinacoteca de São Paulo, dos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio e de colecionadores.
Entre as 96 pinturas selecionadas para integrar a mostra, há peças da coleção de Diógenes Paixão, que conheceu Volpi pessoalmente e era frequentador em sua casa, no bairro do Cambuci. Do artista, ele comprou seis dezenas de obras.
Volpi Popular é a terceira exposição do Masp de uma série organizada em torno de pintores modernistas brasileiros. Antes de Volpi, o museu já dedicou exposições a Cândido Portinari e Tarsila do Amaral.
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
Exposição Volpi popular
Data: 25 de fevereiro a 5 de junho de 2022
Horários: terça, das 10h às 20h (entrada até 19h30); quarta a domingo das 10h às 18h (entrada até 17h30); fechado às segundas
Endereço: Avenida Paulista 1578, Bela Vista, São Paulo/SP
Telefone: +55 11 3149-5959
Ingressos: R$ 50 | R$ 25 (meia-entrada). Gratuito às terças
Agendamento obrigatório: masp.org.br/ingressos
* Com informações do MASP
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