Os pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, da Universidade de Lund, na Suécia, e do Centro de Estudos Políticos, na Dinamarca, disseram que os custos para a sociedade superavam em muito os benefícios e entendem que o lockdown deve ser sumariamente rejeitado como futura política pandêmica.
“Encontramos evidências de que limitar as reuniões foi contraproducente e aumentou a mortalidade por covid-19”, concluíram os autores.
“Muitas vezes, os lockdowns limitaram o acesso das pessoas a locais seguros ao ar livre, como praias, parques e zoológicos, ou incluíram mandatos de máscaras ao ar livre ou restrições estritas de reunião ao ar livre, levando as pessoas a se encontrarem em locais internos menos seguros”.
Para calcular os benefícios do lockdown, os pesquisadores analisaram 24 trabalhos acadêmicos estimando sua eficácia, bem como uso de máscaras, fechamento de empresas e escolas, fechamento de fronteiras e ordens de "fique em casa".
Os pesquisadores descobriram que os lockdowns impostos por decretos não eram melhores para reduzir as mortes do que permitir que a população seguisse recomendações, incluindo trabalhar em casa e limitar o contato social, como aconteceu em países como a Suécia.
Um dos estudos citados na revisão constatou que as mudanças comportamentais voluntárias são 10 vezes mais importantes que as mudanças impostas no combate à covid.
Os lockdowns regulam apenas “uma fração de nossos possíveis contatos contagiosos” e não podem impor a lavagem das mãos ou a proximidade das pessoas.
Jonas Herby, consultor especial do Centro de Estudos Políticos e um dos autores do estudo, disse ao The Telegraph: “Quando olhamos para o lockdown, não encontramos muito efeito".
“Achamos que a maioria das pessoas não quer adoecer ou infectar seus vizinhos, então, se você apenas der às pessoas o conhecimento adequado, elas fazem a coisa certa para cuidar de si mesmas e dos outros, e é por isso que os lockdowns não funcionam", disse Herby.
“Em geral, devemos confiar que as pessoas podem tomar as decisões certas, então o importante é educá-las e informá-las quando as taxas de infecção são altas e quando é perigoso sair e como se proteger", acrescentou.
“Uma possível razão para a ineficácia dos lockdowns é que algumas medidas são contraproducentes. Há algumas evidências de que colocar limites nas reuniões realmente aumentou o número de mortes”, ressaltou Herby.
Os autores criticaram o modelo original do Imperial College London, que sugeria que a Grã-Bretanha poderia ver 500.000 mortes sem um lockdown, dizendo que não levou em conta o comportamento real das pessoas durante uma pandemia.
Os pesquisadores disseram que ficou claro que a população naturalmente se distanciaria socialmente e cortaria seus contatos mesmo sem intervenção do Estado, levando a uma grande queda nas mortes.
"Os lockdowns durante a fase inicial da pandemia de covid-19 tiveram efeitos devastadores. Eles contribuíram para reduzir a atividade econômica, aumentar o desemprego, reduzir a escolaridade, causar agitação política, contribuir para a violência doméstica e minar a democracia liberal", disseram os pesquisadores.
"Esses custos para a sociedade devem ser comparados aos benefícios dos lockdowns, que nossa meta-análise mostrou serem marginais na melhor das hipóteses. Esse cálculo padrão de custo-benefício leva a uma conclusão forte: os lockdowns devem ser rejeitados imediatamente como um instrumento de política pandêmica”, concluiram os autores.
O trabalho em si, suporta as principais diretrizes de combate ao vírus adotadas pela Suécia, estabelecidas desde o primeiro momento da pandemia.
Os críticos do estudo alegaram que os autores têm interesses conflitantes, particularmente o professor Hanke, que tem sido um crítico aberto das restrições que prejudicam a economia.
Steve Hanke, professor de Economia Aplicada da Universidade Johns Hopkins, disse que “os lockdowns na Europa e nos EUA diminuíram a mortalidade por covid-19 em míseros 0,2% em média, enquanto os custos econômicos dos lockdowns foram enormes. Não encontro nenhuma evidência para apoiar os lockdowns”.
Assumindo que o primeiro lockdown evitou apenas 0,2% das mortes, para a Grã-Bretanha na primeira onda significaria salvar talvez 100 vidas em 52.000 – quando comparado a permitir que as pessoas tomassem precauções.
Mortes na Suécia entre as mais baixas da Europa
A Suécia, criticada por descartar a estratégia do lockdown, teve menos mortes per capita do que grande parte da Europa, segundo novos números da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 2020 e 2021, o país teve uma taxa média de mortes em excesso de 56 por 100.000 – contra 109 no Reino Unido, 111 na Espanha, 116 na Alemanha e 133 na Itália.
Como o Telegraph delicadamente observa, "Especialistas disseram que a diferença demonstrou que lockdowns rigorosos sozinhos não determinaram o sucesso ao lutar contra covid-19".

"Os números foram compilados por um painel composto por especialistas internacionais que trabalham nos dados há meses, utilizando uma combinação de informações nacionais e locais, bem como modelos estatísticos, para estimar os totais onde os dados estão incompletos", disse o Telegraph.
* Com informações do The Telegraph
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