O jornal Nikkei apurou que 53% dos entrevistados aprovam a reativação de reatores parados, desde que garantida a segurança das centrais nucleares, comparado a 38% que opinaram por mantê-los desativados.
Após o colapso de três reatores em Fukushima Daiichi, na sequência de um terremoto e tsunami em 11 de março de 2011, todos os reatores nucleares do país foram desligados, com um forte sentimento popular de oposição à energia atômica.
O equilíbrio entre esse sentimento populista e a continuação de suprimentos de eletricidade confiáveis e acessíveis está sendo trabalhado politicamente.
O objetivo declarado do governo japonês é que a energia nuclear forneça 20-22% da eletricidade até 2030. No início de 2011, a energia nuclear havia sido responsável por quase 30% da produção total de eletricidade do país.
Sob as regras de segurança pós-Fukushima, apenas 10 reatores foram reiniciados. No entanto, para serem alcançadas as metas energéticas do Japão para 2030, cerca de outros 23 reatores deverão voltar a funcionar.
Em agosto e outubro de 2015, dois reatores foram autorizados a reiniciar. Desde então, outros oito foram reiniciados, e 16 reatores estão em vários estágios no processo de aprovação de reinicialização.
Um grupo de políticos governistas e da oposição está pedindo a reativação mais rápida dos reatores parados, mas os reinícios dependem da aprovação dos governos locais e da obtenção de aval formal de segurança da agência reguladora.
As reinicializações também estão enfrentando custos significativos de implementação que variam de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão por unidade, independentemente da capacidade ou idade do reator.
LNG
Para o Japão, possuir ativos de energia é muito mais importante do que apenas ter contratos de fornecimento — isso lhes dá um assento na mesa e ajuda a garantir que o combustível será realmente entregue.
Hoje o país depende de importações para mais de 90% de suas necessidades energéticas primárias. Em janeiro de 2021, o Japão passou por faltas críticas de energia devido a fortes nevascas e interrupções no fornecimento de LNG. O ministro de energia disse que o fornecimento era "touch-and-go... A energia solar não estava gerando. O vento não estava gerando", e que em sua opinião "a energia nuclear será indispensável".
O Ministro do Comércio, Koichi Hagiuda, disse no início do mês que o país deve proteger sua segurança energética "tanto quanto possível". As sanções à Rússia serão inúteis se o Japão sair de projetos russos de LNG apenas para outro país tomar seu lugar, ponderou o ministro.
Nobuo Tanaka, ex-diretor da Agência Internacional de Energia, em entrevista nesta segunda-feira (28) disse que se os reatores voltarem a operar, os serviços públicos do país poderão revender gás natural liquefeito (LNG) para a Europa.
O Japão é o segundo maior importador de LNG do mundo. O restabelecimento da energia atômica no país teria um grande impacto nos mercados globais de gás.


* Com informações da Bloomberg
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