Desde meados de julho do ano passado, pessoas de 12 a 15 anos na Dinamarca foram convidadas a receber uma vacina contra o coronavírus. Em novembro, também foi recomendada a vacinação de crianças da faixa etária de 5 a 11 anos.
Na época, foi declarado que as vacinas não eram para o próprio bem das crianças, mas para garantir o controle epidêmico na Dinamarca.
Quando Søren Brostrøm participou na quarta-feira (22) à noite de um programa da TV dinamarquesa, foi perguntado se era um erro vacinar crianças.
"Com o que sabemos hoje: sim. Com o que sabíamos então: não", respondeu Brostrøm.
“Quero olhar nos olhos de todos os pais de crianças que vacinaram seus filhos e dizer: Você fez a coisa certa e obrigado por ouvir”, disse.
“Mas ao mesmo tempo – e isso é importante para manter a confiança – vou admitir e dizer que nos tornamos mais prudentes e não faríamos o mesmo hoje. E também não faremos isso no futuro”, acrescentou.
A Dinamarca foi o primeiro país do mundo a recomendar a vacinação para a faixa etária de 12 a 15 anos.
Estudos sobre os efeitos das vacinas mostraram que elas conferem pouca ou nenhuma proteção contra a infecção pelo vírus. As pesquisas também indicam cada vez mais que as vacinas não protegem bem contra doenças graves em crianças, que correm pouco risco de complicações se contraírem o vírus.
Mais cedo, Søren Brostrøm tinha dito, em coletiva de imprensa, que na primavera [do hemisfério norte] ficou claro que as vacinas não eram particularmente preventivas de infecções, mas evitavam doenças graves e que, portanto, "devemos agora levar o aprendizado adiante".
“Em retrospecto, não conseguimos muito com a expansão do programa de vacinação para crianças no que diz respeito ao controle da epidemia", reconheceu o chefe da Autoridade Dinamarquesa de Saúde e Medicamentos.
Cerca de 40% das crianças foram vacinadas.
A nova estratégia de vacinação da Dinamarca recomenda que os adultos se vacinem, mas especifica conselhos diferentes para crianças e adolescentes.
"Crianças e adolescentes raramente têm um curso sério de covid-19 com a variante Ômicron, razão pela qual a oferta de vacinação primária para crianças entre 5 e 17 anos não será uma oferta geral, mas pode ser dada após avaliação médica específica", disseram as autoridades na quarta-feira.
"No futuro, o objetivo principal do programa de vacinação covid-19 será prevenir doenças graves, hospitalizações e mortes, mas não prevenir infecções. Portanto, a Autoridade Dinamarquesa de Saúde e Medicamentos planeja que a vacinação de outono contra o covid-19 seja direcionada a pessoas com 50 anos ou mais, bem como pessoas com menos de 50 anos de idade que tenham um risco particular de um curso grave de covid-19 , por exemplo, pessoas com sistema imunológico gravemente comprometido", diz comunicado do Conselho Nacional de Saúde (Sundhedsstyrelsen).
"A velhice é o principal fator de risco para adoecer gravemente com covid-19, e o risco aumenta especialmente por volta dos 60-70 anos. Optamos por aplicar um princípio de precaução e recomendar a vacinação já a partir dos 50 anos", acrescenta.
Allan Randrup Thomsen, professor de virologia experimental da University of Copenhagen, apoia a nova orientação.
“Provavelmente não fazia muito sentido” deixar os mais jovens vacinarem, com o conhecimento que temos hoje. "Mas o que temos que sustentar é que não houve mal algum. Foi mais uma interpretação equivocada da situação na época, que nós, entre os profissionais, discutiremos por muito tempo", disse Thomsen à TV 2.

Christine Stabell Benn, professora da University of Southern Denmark, há muito tempo não tem dúvidas que a recomendação é desnecessária.
"Tínhamos vacinas com um perfil de efeitos colaterais desconhecido, e ao mesmo tempo tínhamos crianças que não ganhavam nada com a vacinação", disse à TV 2.
Como o próprio Conselho Nacional de Saúde expressou que havia muitas incertezas sobre se era a decisão certa, ela também acredita que a agência deveria ter ajustado a força de sua campanha e pede às autoridades que reavaliem se havia realmente razão para "pressionar tanto os pais" para vacinar as crianças.
"Além disso, as crianças eram responsabilizadas pela saúde de seus pais e avós. Isso, eu acho, não é razoável", disse Christine Stabell Benn.
"Acho que há muitos pais por aí que dizem: 'O que foi isso realmente?'. Há muitos pais que realmente lutaram para que seus filhos fossem arrastados para o centro de vacinação, mas de que adiantou?", acrescentou.
Quebra de confiança
A Presidente da Sociedade Dinamarquesa de Medicina Geral, a médica Bolette Friderichsen, disse à TV 2 que conheceu muitos pais que não eram simpáticos ao fato de que seu filho "deveria tomar uma para a equipe".
Apenas um ano após as recomendações sobre vacinas para crianças, ela observa em particular que os pais de quase 60% das crianças nas faixas etárias em questão recusaram a oferta das autoridades sanitárias.
"Você tem que imaginar que 60% estão em um grande dilema. E eu posso estar preocupada que essas famílias tenham sofrido uma quebra em sua confiança nas autoridades, na qual nós na Dinamarca temos um alto grau de confiança, disse Bolette Friderichsen à TV 2.
Ela acredita que o plano também deve incluir a imunidade natural através da infecção, porque esse tipo de imunidade "dura mais" e envolve um baixo risco para crianças saudáveis.
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