Atualização 04/09 - A porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Harris, disse nesta sexta-feira (4) que nenhuma das candidatas a vacina que estão na fase III demonstrou, até agora, sinal claro de eficácia em um nível mínimo de 50% buscado pela OMS.

Os ensaios clínicos que começaram há mais tempo são da vacina da AstraZeneca. Existem 9 vacinas na fase III.

"Realmente não esperamos ver vacinação generalizada até meados do próximo ano", disse Harris em uma entrevista coletiva da ONU em Genebra.

O Dr. Larry Corey, estrela da virologia global, que coordena os esforços de 72 locais de ensaios clínicos nos EUA para várias vacinas candidatas, gostaria de ver vacinas que são pelo menos 80% eficazes.

A França registra mais de 20.000 mortes confirmadas por Covid-19 em hospitais e casas de repouso. Mas o relatório do Institut Pasteur, o principal órgão de pesquisa biomédica da França, concluiu que a taxa de infecção está “muito abaixo do nível necessário para evitar uma segunda onda, se todas as medidas de controle forem levantadas”.

Alguns cientistas acreditam que, sem uma vacina, a transmissão do vírus só pode ser interrompida através da chamada imunidade de rebanho, na qual uma grande parte da população já foi infectada e o vírus não se espalha mais rapidamente.

“O nível de imunidade coletiva exigido atualmente é estimado em 70%. Portanto, grandes esforços deverão ser mantidos além de 11 de maio para evitar o ressurgimento da epidemia”, diz o relatório francês.

Dados de outros países, incluindo aqueles onde os hospitais foram sobrecarregados por pacientes da Covid-19, mostram um padrão semelhante ao da França, de níveis relativamente baixos de infecção da população.

Maria Van Kerkhove, principal pesquisadora da Covid-19 da Organização Mundial de Saúde (OMS), disse que "uma proporção menor de pessoas" está infectada do que se pensava inicialmente. "Isso significa que uma grande proporção da população permanece suscetível – e isso significa que o vírus pode decolar novamente".

A OMS disse nesta semana que testes de anticorpos do coronavírus SARS-CoV-2 indicaram que não mais de 3% das populações foram infectadas, mesmo em regiões gravemente atingidas.

Em Los Angeles, estima-se que entre 3% a 6% dos adultos tenham anticorpos contra o coronavírus. No Reino Unido, as estimativas situam-se entre 1% e 6%.

Na Dinamarca e na Noruega, é provável que menos de 5% da população tenha desenvolvido anticorpos Covid-19, deixando muito claro o risco de um grande aumento renovado de casos nesses dois países, caso a população relaxe com as medidas de distanciamento. A Suécia ainda é pior na maioria dos parâmetros nos países nórdicos, mas ainda é cedo para julgar qual estratégia foi a mais adequada.

Um modelo estatístico usado pela agência de saúde pública da Suécia sugere que cerca de um terço das pessoas em Estocolmo estarão infectadas com o vírus até 1º de maio. Estima-se que Estocolmo alcançará a imunidade de rebanho ainda em maio. Porém, outras cidades da Suécia têm taxas de infecção muito mais baixas.

A Suécia não adotou o lockdown, apesar das críticas da OMS e de outros países. Escolas, lojas, academias, restaurantes, cafés e bares suecos permanecem abertos.

Fatalidades por dia na Suécia vs a média do período 2015-2019. Reprodução: © Twitter/@AndreasSteno
Fatalidades por dia na Suécia vs a média do período 2015-2019. Reprodução: © Twitter/@AndreasSteno

Sem a imunidade do rebanho, cientistas e governantes temem que o relaxamento dos controles sobre a liberdade de movimento das pessoas leve rapidamente a novos surtos de infecções e mortes.

O professor Johan Giesecke, um dos epidemiologistas mais destacados do mundo, consultor do governo sueco, primeiro cientista-chefe do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, e consultor do diretor-geral da OMS, expõe com franqueza tipicamente sueca que "o achatamento da curva é devido à morte dos mais vulneráveis primeiro tanto quanto do lockdown" e argumenta que as medidas de confinamento tomadas pelo Reino Unido e outros países não foram baseadas em evidências, e sim em um artigo não publicado e que não passou por revisão de seus pares, criticando ainda que modelos não podem ser a base para politicas públicas. Giesecke defende que a política correta é proteger apenas os idosos e os vulneráveis, o que levaria à imunidade de rebanho como um sub-produto sem destruir as economias dos países.

* Com informações do Financial Times, UnHerd, Andreas Steno Larsen

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