A capacidade de bombeamento do gasoduto TransMed é de cerca de 32 bilhões de metros cúbicos por ano (bcm), quatro vezes maior que o gasoduto Medgaz, que abastece a Espanha com gás natural argelino.
Segundo Abdelmadjid Attar, ex-ministro da Energia da Argélia, o país exporta cerca de 22 bilhões de metros cúbicos através do gasoduto TransMed, o que permitiria despachar anualmente mais 10 bcm de gás natural para a Europa.
Attar, que atuou anteriormente como CEO da Sonatrach, observou que também pode ser fornecido gás natural liquefeito (LNG), destacando que as usinas de liquefação existentes estão operando apenas com 50-60% da capacidade.
O ex-ministro disse ainda que em 4-5 meses a Argélia poderá exportar volumes maiores, dependendo do desenvolvimento de novas reservas de gás de xisto.
A Sonatrach anunciou em janeiro que investiria US$ 40 bilhões na exploração, produção e refinamento de petróleo, bem como na prospecção e extração de gás, entre 2022 e 2026.
Em 2021, a gigante argelina de hidrocarbonetos aumentou seu volume de negócios de US$ 20 bilhões para US$ 35 bilhões, as receitas de exportação cresceram 75% e sua despesa de importação de combustíveis caiu US$ 1,5 bilhão em relação a 2020.
Espera-se que essa tendência de alta continue, somado ao efeito adicional que a crise russo-ucraniana teve sobre o preço do petróleo e gás.
Com as sanções impostas à Rússia ameaçando as cadeias de suprimentos Rússia-Europa, a Sonatrach está procurando se posicionar como fornecedor preferencial em países europeus, como Itália e Espanha.
Em entrevista ao jornal francês La Liberté, Toufik Hakkar disse que a Sonatrach "é um fornecedor de gás confiável para o mercado europeu e está pronta para apoiar seus parceiros a longo prazo caso a situação se deteriore".
Ele acrescentou que a disponibilidade de quantidades adicionais de gás natural ou liquefeito está ligada a "atender à necessidade no mercado nacional e às obrigações contratuais" com parceiros estrangeiros.
O CEO da Sonatrach acrescentou que o gás argelino pode chegar a países que não estão conectados aos dois gasodutos, através do gás liquefeito transportado por navios. Ele observou que a Europa é o "mercado natural e preferido" para a Argélia.
Atualmente, a Argélia fornece 11% das necessidades de gás da Europa.
A Rússia exporta entre 150 bilhões e 190 bilhões de metros cúbicos de gás natural para a Europa a cada ano, atendendo 30-40% da demanda em todo o continente.
Itália
A Argélia fornece gás aos italianos através do gasoduto TransMed – Enrico Mattei, que transporta gás do campo de gás Hassi R'Mel, ao sul da Argélia, através do território da Tunísia, até a ilha da Sicília, no sul da Itália.
A Itália anunciou, na segunda-feira (28), que iniciou conversações com a Argélia para aumentar os volumes de gás argelino para a Europa, face à expansão das sanções ocidentais contra a Rússia.
A Argélia é o segundo maior fornecedor de gás para a Itália, depois da Rússia, que entrega 45% do gás consumido no país. Dependente de 95% de gás importado, a Itália estuda aumentar também suas compras do Azerbaijão, Tunísia e Líbia.
O anúncio das negociações ocorreu durante uma visita de uma delegação italiana, chefiada pelo Ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, à Argélia, durante a qual ele se encontrou com o Presidente Abdelmadjid Tebboune, o Ministro das Relações Exteriores, Ramtane Lamamra e o Ministro da Energia, Mohamed Arkab.
A delegação italiana chegou à Argélia na segunda-feira em visita não anunciada e incluiu o CEO da empresa italiana de energia Eni, Claudio Descalzi.
Após reunião com o Presidente Tebboune, Di Maio disse: "O CEO da Eni me acompanhou, e isso confirma nosso compromisso total de negociar sobre quantidades adicionais de gás e implementá-lo o mais rápido possível".
Di Maio afirmou que o governo italiano está buscando aumentar suas importações de energia de vários parceiros internacionais, especialmente o gás natural, explicando que disse a Lamamra que "a Argélia tem um papel fundamental nisso, pois é um fornecedor confiável de energia".
"Nosso objetivo é proteger as empresas e famílias italianas dos efeitos dessa guerra atroz", disse Di Maio a repórteres, mas não deu números sobre um possível aumento nas entregas de gás da Argélia.
A Eni está vinculada a um contrato de dez anos, renovado em 2019, de compra de gás natural da Sonatrach, com volumes anuais de 12 bilhões de metros cúbicos.
A Itália também importa gás argelino através das empresas Enel e Edison, com volumes anuais superiores a 4 bilhões de metros cúbicos.

* Com informações da Anadolu
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